O que é que se pretende com a “educação sexual” na Escola? (1)
Janeiro 20, 2025
Maria Helena Costa
Fonte da imagem: https://www.melaniephillips.com/the-deconstruction-of-humanity/
Nos últimos anos do século XX, interesses inconfessáveis, mas bem conhecidos, induziram-nos a acreditar na ideia falaciosa de que as crianças precisam de ter educação sexual na escola. A pergunta crucial é: porquê?
Ninguém pára para pensar que se a humanidade não tivesse aprendido por si mesma, o mundo não teria sido povoado, pois sexo é fundamentalmente procriação? «Crescei e multiplicai-vos» foi suficiente. Não houve necessidade de criar pedagogos, «especialistas», psicólogos e sexólogos para que, começando com um casal, o mundo fosse povoado. Qual será, então, a razão que leva tantos a puxar dos galões académicos para ensinarem - na escola - algo tão básico como comer ou dormir?
A premissa é de que a criança quer e precisa de estimulação e actividade sexual desde a mais tenra idade. Sem nenhuma justificação científica, esta ideia é apresentada como se de uma lei da natureza se tratasse e ninguém parece preocupado com o facto de ela contradizer todos os estudos do desenvolvimento psicológico e hormonal existentes até ao advento que tornou público e político aquilo que é, e deve continuar a ser, íntimo.
A resposta é óbvia: nenhum desses técnicos está sinceramente interessado na educação sexual das crianças. Essa é apenas mais uma mentira deslavada! A ideia inconfessável é intervir e despertar os instintos básicos das crianças, para impedir que se desenvolvam normalmente seguindo as etapas bio-psicológicas próprias. O desenvolvimento da pessoa humana tem leis próprias e o melhor que os adultos podem fazer é não atrapalhar!
A educação sexual é parte essencial - é a base - da ideologia de género. Não se pretende educar, mas destruir — ou, como alguns dizem, desconstruir — o desenvolvimento infanto-juvenil normal ao mesmo tempo que introduzem noções perversas de sexualidade. Afinal, como diz o ditado popular: «é de pequenino que se torce o pepino», pois a mente infantil ainda em formação é mais maleável do que a do adulto, embora esta maleabilidade não seja tão grande como se possa pensar. Assim, para evitar o desenvolvimento normal da criança é necessário afastá-la da família o quanto antes e atribuir à escola o poder de educar e não apenas de ensinar.
Assim, a primeira tarefa dos revolucionários é inserir uma espécie de cunha entre a biologia e a psicologia, sendo a última escrava da primeira. Ao criar uma falsa autonomia da psicologia, separando-se o sexo do género, imposição biológica de desejos, cria-se na criança um estado de confusão extremamente lesivo. Quanto mais cedo a interferência acontecer, pior.
O objectivo mais profundo é o de acabar com a noção de família tal como se desenvolveu ao longo dos milénios: pai, mãe e os seus filhos, o núcleo onde reside o verdadeiro poder nas sociedades livres. A estrutura familiar bem desenvolvida e integrada é a maior fonte de defesa contra a tirania do controle estatal e o verdadeiro objectivo final por detrás da ideologia de género é o fim da liberdade humana e o controle político-ideológico.
Na nova narrativa que pretendem impingir-nos mãe e pai perdem todo o sentido, pois invocam o sexo biológico que, segundo eles, é apenas uma «construção social» que nega às pessoas a liberdade de escolherem o seu «género». Neste «admirável mundo novo» que inunda o Ocidente «o sexo de cada pessoa independe da biologia, e não pode ser «injustamente» determinado, num recém-nascido, por médicos e pais que apenas examinam a genitália visível». Em várias escolas, incluindo algumas católicas e protestantes, os termos mãe e pai estão a ser abolidos dos documentos oficiais e da linguagem do dia-a-dia e a ser substituídos pelas designações politicamente correctas: «Progenitor 1 e Progenitor 2».
A mente infantil não é uma folha em branco. Ao contrário, antes de nascer, desde o o ventre materno, a vida mental intrauterina é extremamente complexa, como demonstram os trabalhos de Alessandra Piontelli entre outros. A genética pré-determina as fantasias e sonhos que já ocorrem na vida do bebé antes do nascimento. A criança já nasce com pré-concepções do mundo, principalmente do seu próprio corpo e das suas necessidades básicas, entre elas o sexo. É uma mentira deste mundo a que chamam de pós-moderno (seja lá o que for que queiram dizer com isso!) que a estrutura cromossómica (XX ou XY) não determina inexoravelmente a biologia e, ipso facto, a psicologia.
Os bebés já nascem a fazer movimentos de sucção com os lábios que indicam que sabem exactamente que ali deverá entrar um mamilo para os alimentar. O memso acontece com todas as funções básicas, incluindo o conhecimento precário dos órgãos genitais que caracterizam o seu sexo. É fundamental que encontre o que Heinz Hartmann denominou average expectable environment (Ego Psyhology and the Problem of Adaptation, Int’l Universities Press, 1958) — a expectativa de um ambiente medianamente razoável para o seu desenvolvimento. Este ambiente insubstituível é a família.
Melanie Phillips referiu:
Nós despojámos a paternidade do seu significado removendo o seu vínculo com a biologia, […] e proibindo referências a mães e pais. Despojámos os homens e as mulheres do significado de ser homem ou ser mulher com base numa ideologia que diz que nalguns dias as pessoas poderiam sentir que são um e noutros elas poderiam sentir que são o outro. E o que eles disserem que são, em qualquer momento, é o que realmente são. Para gerir isso, confundimos deliberadamente sexo e género. Isso porque o sexo é biologia e a biologia é fixa, enquanto que o género, este sim, é uma construção social e, portanto, podemos desconstruí-la e reconstruí-la (à vontade). Por isto, a identidade sexual deve ser negada e transformada em género (The deconstruction of humanity).